09/02/2017

Indústria química

Demanda, produção e venda de produtos químicos crescem em 2016

Atividade da indústria química volta aos patamares de dez anos atrás


Conforme dados preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), os volumes de produção, vendas internas e demanda dos produtos químicos de uso industrial do último bimestre do ano passado confirmaram o cenário positivo e de melhora das atividades do setor. No acumulado de 2016, sobre o ano anterior, todas as variáveis que medem o desempenho da química fecharam positivas, tendo sido puxadas pelos resultados especialmente do segundo semestre: índice de produção (+4,04%), vendas internas (+3,92%) e consumo aparente nacional - CAN (+5,2%). O nível de utilização da capacidade instalada melhorou dois pontos, fechando com média de 80%, permanecendo uma ociosidade expressiva e que precisa ser preenchida para que o País volte a atrair investimentos no setor.

A melhora no ambiente econômico e político, a partir de meados do ano passado, foi importante para o resultado positivo do setor. Na avaliação da diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a direção parece estar correta uma vez que houve percepção de melhora do ambiente geral de negócios. Destaca-se também o recuo da inflação, que deve fechar 2017 em um dígito, e a decisão do Banco Central em reduzir os juros a um ritmo mais acentuado. “Para a química, esses fatores possuem alta relevância, uma vez que o setor é fornecedor de produtos para uma vasta e ampla cadeia de outras indústrias”, explica.

Apesar desse crescimento, se comparado aos resultados de 2007, para uma avalição decenal, o nível atual de produção é praticamente o mesmo daquele registrado dez anos atrás e, no que se refere às vendas internas, o setor ainda está quase cinco pontos abaixo da referência. Ou seja, não houve crescimento nos últimos 10 anos, o que comprova um período de dificuldade e de falta de competitividade, que culmina no elevado índice de ociosidade atual e na falta de atratividade para novos investimentos.

No que se refere ao índice nominal de preços, houve deflação de 9,9% no acumulado de 2016, mas, descontados os efeitos da inflação, os preços médios reais do segmento de produtos químicos de uso industrial caíram 12,9%, se considerado o IPA-Indústria de Transformação, da FGV, como deflator. Se for utilizado o dólar, os preços médios reais estão 8,0% acima em relação àqueles praticados nos 12 meses anteriores e, em relação ao euro, os preços exibem alta de 11,4%, na mesma comparação. Vale lembrar que os preços do setor químico estão sendo fortemente impactados pelo recuo do barril do petróleo e, consequentemente, da nafta petroquímica no mercado internacional.

O setor também é dependente de matérias-primas e de insumos energéticos, o que explica boa parte da baixa dinâmica e da falta de competitividade dos últimos anos. O Programa Gás para Crescer, cujas diretrizes foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em dezembro de 2016, pode trazer benefícios importantes para a competitividade da atividade de óleo e gás no País e resultar em atração por novos e importantes investimentos. Destaca-se a necessidade urgente dessas regras e de um marco regulatório transparente. “O setor está confiante de que com a iniciativa do Ministério de Minas e Energia (MME) de enviar uma proposta de diretrizes ao congresso nos próximos 90 dias o programa modificará o cenário do setor nacional, com possibilidade de atrair investimentos importantes em infraestrutura e, principalmente, na elevação da oferta de energia, dois pontos fundamentais para a competitividade do País e da química”, explica Fátima.