10/02/2017

Mercado

Vendas de pneus para EO caem 9,2% em 2016

Desempenho da indústria no último trimestre foi 8% inferior à produção no mesmo período de 2010


A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) fecha 2016 com queda de 1,1% no total de produção de pneus em relação a 2015. O número faz parte do balanço setorial divulgado trimestralmente, revelando uma queda consecutiva de produção, conforme indica o infográfico anexo. De 2014 para 2015, a conta também fechou no vermelho, com queda de 1,2%. No último trimestre do ano, o volume de vendas foi de 17,5 milhões de unidades, -2,3% em relação ao mesmo período de 2015. “Isso significa que o investimento feito pela indústria desde 2007, visando a evolução da indústria automobilística não foi recuperado”, destaca o presidente executivo Klaus Curt Müller. No último trimestre de 2010, foram vendidas quase 19 milhões de unidades de pneus. Seis anos depois, a indústria registra a venda de cerca de 17,5 milhões de pneus. O destaque negativo ficou com as vendas de pneus para duas rodas que puxaram o índice para baixo. Foram vendidos 3.175.286 pneus de moto em 2016 no último trimestre contra 3.513.541 em 2015, uma diferença negativa de 9,6%.
Venda às Montadoras
Analisando o balanço anual, o pior resultado está nas vendas para montadoras que, no ano, registrou queda de 9,2% em comparação com 2015. Isso representa um volume de 1,3 milhão de pneus que deixou de ser comercializado no ano. Esse resultado é reflexo do comportamento do mercado automobilístico no ano. Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram queda de 20,2% no licenciamento de veículos. A produção de veículos em 2016 também sofreu queda. Foram fabricadas 2,16 milhões de unidades, 11,2% a menos frente 2,43 milhões de unidades do ano anterior. No ultimo trimestre do ano, o setor registra um primeiro sinal positivo nas vendas para as montadoras desde 201x, com um crescimento de 17,8% em comparação ao mesmo período de 2015.
Mercado de Reposição
As vendas para o mercado de reposição fecharam o ano com queda de 1,8%, que representa mais de 800 mil pneus que deixaram de ser comercializados. O último trimestre também foi negativo, tendo queda de 0,6% em relação ao mesmo período de 2015.
Exportações
Em relação às exportações, o resultado das vendas de pneus para o mercado externo fechou o quarto trimestre deste ano com queda de 23,8%, em relação ao mesmo período de 2015. Três foram as categorias que puxaram o índice para baixo: duas rodas (-29,8%), carros de passeio (-37,2%) e ônibus e caminhões (-25,2%). O país exportou  2,6 milhões de unidades no período,  822 mil unidades a menos no mercado internacional.
Matérias primas
Na produção de pneus, grande parte dos insumos utilizados é importada porque a oferta local não atende às necessidades da indústria. Dessa forma, o custo de produção é afetado diretamente pelo câmbio. A valorização do Real ajuda na aquisição dessas matérias, no especifico neste momento de alta dos preços internacionais de mais de 90%, mas ao mesmo tempo, facilita a entrada de pneus importados, principalmente oriundos dos países asiáticos.
Neste cenário, a indústria foi surpreendida com o aumento da alíquota do imposto de importação da borracha natural de 4% para 14%, prejudicando fortemente a competitividade do produto nacional em relação ao importado. Toda a produção local da borracha é consumida internamente e mesmo assim não atende à demanda da indústria, tornando a importação obrigatória, e assim causando efeito inflacionário na economia e onerando consumidores e empresas sem favorecer a produção nacional da borracha natural. “O setor espera que essa medida seja revista com urgência na próxima reunião da Camex”, afirma Curt.
 
Perspectivas para 2017

A indústria é conservadora quando prevê o balanço deste ano de 2017. “Num cenário bem realista, entendemos que o setor fechará 2017 sem crescimento, resultado muito ruim quando consideramos os investimentos realizados pelo setor nos últimos anos. Numa visão otimista, não devemos passar de um dígito de crescimento, se ocorrer”, destaca o presidente. A indústria de pneumáticas aposta em alguns fatores para minimizar os efeitos de 2016 neste ano, como a expectativa de aumento de 4% nas vendas de veículos novos, associada à projeção de crescimento de 3% no PIB do campo e a probabilidade de aumento de 5% nas vendas de máquina da linha amarela (como são conhecidas as máquinas para construção que incluem escavadeiras, retroescavadeiras e pás carregadeiras).
Outro fator que pode contribuir para estabilidade  é o mercado de reposição, que não deverá crescer tendo em vista a manutenção do endividamento das famílias, devido ao cenário econômico e o desemprego. “Este cenário faz com que a família invista na manutenção do carro e não na troca por um novo automóvel”, explica Curt.
 
Reciclanip

Em 2016, a Reciclanip coletou e destinou mais de 457,5 mil toneladas de pneus inservíveis, quantia que equivale a 91,5 milhões de unidades de pneus de carros de passeio. Desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes, 4,175 milhões de toneladas de pneus inservíveis foram coletados e destinados adequadamente, o equivalente a 835 milhões de pneus de carro de passeio. Desde então, os fabricantes de pneus já investiram R$ 917,9 milhões no programa até dezembro de 2016, tendo sido investidos R$ 110 milhões somente neste último ano.
 
“A previsão de investimento para 2017 é da ordem de R$ 119 milhões, valor superior ao investido no ano passado. Esses recursos são utilizados para os gastos logísticos, que hoje representam mais de 60% dos nossos pagamentos, e também para todos os investimentos de destinações. Temos hoje mais de 1.000 pontos de coleta e uma média de 90 caminhões transitando diariamente. . Essa complexa operação logística é comandada pela Reciclanip, que já tem experiência acumulada desde 1999, quando começou a coleta pelos fabricantes”, explica Curt.
 
Para o gerente da Reciclanip, Cesar Faccio, 2016 foi um ano extremamente positivo com relação ao aumento do volume de coleta de pneus. O destaque fica para o apoio da entidade à SNCC – Sala Nacional da Coordenação e Controle, criado dentro do Centro nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres – CENAD e composto por Ministério da Saúde, Casa Civil, Ministério da Educação, Ministério da Integração Nacional, Secretaria de Governo da Presidência da República, Ministério da Defesa, Ministério do Meio Ambiente e AESBE. “Nossa presença junto ao Governo Federal proporcionou uma ação mais efetiva de maior conscientização da população principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, que registraram aumento de 36% e 61% respectivamente no volume de pneus inservíveis coletados. A expectativa é de que esse cenário se fortaleça também em 2017.
 
Livro Branco

A necessidade de adoção de políticas que aumentem a competitividade do setor de pneus levou a ANIP a lançar o documento Livro Branco da Indústria de Pneus, que contém propostas para alavancar o crescimento do setor, como a redução do custo logístico, desoneração do processo de logística reversa, melhor acesso a insumos essenciais para a produção de pneus, estímulos à exportação, implantação de margem de preferência para a indústria nacional nas compras públicas, entre outras. O documento está disponível no site da ANIP (www.anip.org.br)