Economia  05/11/2021 | Por: Redação

Indústria química

Produção e vendas de produtos químicos recuam em setembro de 2021

Apesar do desempenho negativo de setembro, no acumulado do 3º trimestre, sobre o 2º trimestre deste ano, os números são positivos


O índice de produção de químicos de uso industrial caiu 2,48% em setembro de 2021 sobre agosto e 4,47% sobre setembro de 2020, enquanto o de vendas internas teve recuo de 4,83% em relação ao mês anterior e de 15,70% sobre igual mês do ano passado. Para suprir a demanda local, que cresceu 5,2% em volume no mês de setembro, sobre agosto, as importações subiram expressivos 16,8% em igual comparação. Apesar do desempenho negativo de setembro, no acumulado do 3º trimestre, sobre o 2º trimestre deste ano, os volumes são positivos: o índice de produção foi 2,95% superior, o de vendas internas teve desempenho 11,22% melhor, a demanda local - medida pelo consumo aparente nacional (CAN) - cresceu 10,1%, o volume importado subiu 17,3%, e o volume exportado teve alta de 10,2%. O índice de preços apresentou deflação de 0,41% entre julho e setembro deste ano, sobre os três meses imediatamente anteriores.

Em relação ao 3º trimestre do ano passado, por conta da elevada base de comparação, os índices do período julho-setembro de 2021 apresentam recuo: produção -0,55% e vendas internas -11,41%. O CAN, no entanto, teve alta de 2,9%, tendo sido suprido por parcela maior de importações, cujo volume cresceu 4,0% nessa mesma base de comparação. No 3º trimestre de 2021, a taxa de ocupação das instalações foi de 72%, cinco pontos abaixo daquela registrada em igual período do ano passado.

Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, tradicionalmente, os meses de julho a outubro são os melhores do ano no segmento químico, em razão das encomendas de Natal e de final de ano e período de verão, que eleva a procura por descartáveis. “Como a atividade química brasileira não é formadora de preços, mas sim tomadora, o comportamento dos preços no mercado doméstico vem refletindo a tendência que se observa no cenário internacional, cuja demanda encontra-se pressionada e com preços ainda em forte ascensão, especialmente pelas altas generalizadas de preços das commodities e, com impacto na química, do petróleo, da nafta petroquímica e do GNL. Vale destacar que a elevação da demanda mundial também tem exercido pressão sobre os custos logísticos, afetando a disponibilidade de containers, de navios e encarecendo os fretes. Ainda, há uma forte preocupação, que deve se refletir em custos, em pressões inflacionárias e em prováveis riscos às operações, quanto à crise energética internacional e nacional”, enfatiza a executiva.

Com relação aos últimos 12 meses - de outubro de 2020 a setembro de 2021 -, o índice de produção foi positivo em 7,21%, enquanto o de vendas internas subiu 6,52%. O CAN teve elevação de 9,6%, enquanto o volume de importações cresceu 11,6% e o de exportações recuou 11,4%. A capacidade instalada ficou em 72% na média do mesmo período, patamar com alta de um ponto porcentual em relação ao dos 12 meses imediatamente anteriores.

Para um segmento que opera na maioria dos casos em regime de processo contínuo, sem pausas, esse nível de ocupação das instalações não é o mais adequado, especialmente porque demanda mais paradas para manutenção e, portanto, mais custos e menor competitividade. As importações estão ocupando uma fatia cada vez maior da demanda, alcançando novo recorde de 47% nos últimos 12 meses e se beneficiando do crescimento da demanda doméstica. Quanto ao índice de preços, houve elevação nominal de 71,82% no acumulado dos últimos 12 meses, até setembro. Descontados os efeitos da inflação, os preços médios reais do segmento de produtos químicos de uso industrial ficaram 39,5% maiores no período, quando o deflator é o IPA-Indústria de Transformação, da FGV, que teve alta nominal de 23,1% nos últimos 12 meses. No entanto, se utilizado o dólar, os preços médios reais estão 78,2% maiores em relação àqueles praticados nos 12 meses anteriores, notadamente em decorrência da desvalorização do real, em relação ao dólar, de 3,6%, no período.