Economia  29/11/2021 | Por: Redação

Indústria química

Deficit da balança comercial de produtos químicos já é recorde

Mesmo faltando dois meses para o fim de 2021, acumulado até outubro já supera em US$ 5 bilhões o maior déficit anual registrado, em 2013


No acumulado do ano, até outubro, as importações de produtos químicos somaram US$ 48,5 bilhões e as exportações chegaram a US$ 11,5 bilhões, aumentos de respectivamente 43,4% e de 27% na comparação com igual período de 2020. Como resultado, o déficit na balança comercial de produtos químicos, entre janeiro e outubro, somou US$ 37 bilhões, o que representa um expressivo e alarmante aumento de 49,4% em relação ao mesmo período do ano passado e, mesmo ainda faltando dois meses para o encerramento de 2021, já supera em US$ 5 bilhões o maior déficit anual da história da balança comercial de produtos químicos, de US$ 32 bilhões, em 2013.

Em todos os grupos de produtos acompanhados foram registrados fortes aumentos de quantidades importadas, em especial de resinas e elastômeros (32,7%) e de inorgânicos (19,1%) e orgânicos diversos (12,5%), totalizando 49,7 milhões de toneladas, até outubro, adquiridas a preços médios gerais 20,3% superiores àqueles de igual período de 2020. As exportações, por sua vez, em números absolutos muito menores, tiveram, até outubro, aumento 8,7% (de 12,1 milhões para 13,2 milhões de toneladas) nas quantidades totais expedidas aos parceiros comerciais brasileiros. Contudo, vários foram os grupos em que foram registradas diminuições das quantidades vendidas ao exterior, como resinas termoplásticas (12,5%), petroquímicos básicos (2,5%) e aditivos de usos industriais diversos (1,4%), evidências incontestáveis do compromisso do setor em manter atendidas as várias cadeias de transformação e de agregação de valor em território nacional, apoiando o enfrentamento da pandemia e a recuperação da atividade econômica do País.

Em outubro, especificamente, o Brasil importou US$ 6,2 bilhões em produtos químicos, valor que pela segunda vez em todo o histórico do acompanhamento da balança comercial supera a marca de US$ 6 bilhões. De maneira inédita, em termos de quantidades, se atingiu o patamar de 6,1 milhões de toneladas adquiridas em um único mês, número 4,5% maior do que em setembro e 31,9% superior ao de outubro em 2020.

Considerando os resultados dos últimos meses e os sinais de que o quadro não deve se alterar significativamente no último bimestre, no final do ano deverá ser registrado um déficit recorde, da ordem de US$ 45 bilhões, superando em muito as anteriores projeções da própria Abiquim desse indicador. Até dezembro, as importações deverão totalizar US$ 59,2 bilhões, ao passo que as vendas externas US$ 14,2 bilhões, aumentos de respectivamente 43,1% e 29,3% em relação ao ano de 2020. Em termos de volumes, por sua vez, deverá ser registrado recorde em quantidades importadas, de praticamente 61,3 milhões de toneladas, e uma movimentação de 16,5 milhões de toneladas exportadas, respectivamente aumentos de 18,9% e de 12,9%, na mesma comparação com o ano passado.

Para o Presidente-Executivo da Abiquim, Ciro Marino, os rumos da política comercial brasileira e regional precisam urgentemente ser recalibrados para dar a segurança jurídica e a estabilidade de ambiente de negócios indispensáveis para que o Brasil e o Mercosul consigam atrair investimentos produtivos capazes de estabelecer o equilíbrio necessário para a sustentabilidade da recuperação da atividade econômica e geração de empregos e renda. “A insistência em uma crescente agenda de cortes tarifários unilaterais, por meio de fundamentos normativos que contornam a própria base legal do Mercosul, atrapalha o investidor e compromete a atração de capital produtivo”, afirma Marino. “Incentivar as compras externas, via rebaixas de alíquotas de importação como um dos eixos de política econômica, é contraproducente em si, pois, no curto prazo, alavanca aquisições de produtos precificados no exterior e em altos patamares, como mostram os dados da balança comercial, e no médio e longo prazos desestimula a efetivação de investimentos produtivos, uma vez que eles somente serão atraídos para o Brasil e para o Mercosul com uma agenda de competitividade robusta e alicerçada em previsibilidade e segurança jurídica”, avalia.