Pneus  18/05/2021 | Por: Pedro Damian

Pneus

Logística & Matérias-Primas: simbiose com a nova realidade do século X

Matéria-prima ancestral presente na Terra desde a pré-história, a borracha torna-se um material estratégico após a revolução industrial


A Borracha certamente é um material extraordinário como nenhum outro. Pode ser deformada e voltar ao seu estado original, mostrando sua resiliência ao extremo. Conhecida desde o primeiro milênio pelos povos maia e asteca, ela ganhou importância econômica a partir do século XVIII e cresceu exponencialmente em produção e consumo com o advento da indústria automobilística.
Sempre é bom lembrar que o Brasil é o berço genético da principal planta de látex natural, a Hevea brasiliensis, embora 90% da produção mundial localize-se no continente asiático nos dias atuais.

Matéria-prima estratégica, a borracha natural e os diversos tipos de borracha sintética é empregada em setores econômicos vitais como o aeroespacial, logístico, automobilístico, farmacêutico-hospitalar, agronegócio, dentre outros. 

E isto acontece também no Brasil que, após um longo período fechado e protecionista, começa a se abrir ao mundo globalizado, nem tanto por vontade própria, mas por imperativos internacionais.

Assim, torna-se fundamental a análise e acompanhamento dos mercados mais importantes no cenário brasileiro e também aqueles necessários para sua evolução, destacando-se o setor de máquinas e equipamentos.

PNEUMÁTICOS

Pneus de carga garantem resultado positivo

A indústria brasileira de pneumáticos cresceu 0,5% em fevereiro deste ano em relação ao mesmo mês de fevereiro do ano passado, puxado pelas excelentes vendas dos pneus de carga com +7,7% e pneus de motocicletas com + 8,5%, compensando as quedas dos pneus de passeio -4,7% e pneus para comerciais leves com -2,1%. Comparando-se com o mês de janeiro anterior, a queda foi de 1,4%, salientando-se que somente os pneus de motocicletas ficaram positivos. Já o acumulado do ano registra evolução de 2,5% em relação a 2020, onde os pneus de carga cresceram extraordinários 15,5%. Estes dados foram divulgados pela ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos.

As vendas acumuladas de janeiro e fevereiro em 2021 de pneus de automóveis leves registrou queda de 2,5% em relação ao acumulado de 2020, enquanto as vendas dos pneus de comerciais leves cresceram 5,4% no acumulado do ano, sustentadas pelas vendas ao setor de reposição. Já as vendas de pneus pesados dos caminhões e ônibus apresentaram crescimento de 15,5% em relação ao ano anterior, também alavancadas pelas revendas e reposição. Por fim, os pneus de motocicletas superaram os 10% de crescimento acumulado.

A balança comercial em 2021 do segmento de pneus acumulou um superávit de US$ 5.480.721,00, resultado 74,5% menor do que no mesmo período de 2020. Comparando-se em número de unidades o déficit é de 3.006.472 unidades.

MÁQUINAS

Números positivos animam o setor

O setor de máquinas vem apresentando números positivos há vários meses e neste primeiro bimestre do ano a história não foi diferente. A recuperação do setor continuou com um desempenho positivo acumulado de 27,4%. Assim, o resultado anualizado mostrou uma expansão de 9,3%, mostrando que as indústrias estão voltando a comprar máquinas para atender a demanda do mercado que voltou a crescer.

AUTOMÓVEIS 

Vendas de veículos crescem no trimestre 

Em março as vendas de veículos automotores leves cresceram 13,6% com um volume de 177 mil veículos vendidos, segundo informações da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Este resultado é 11,9% acima das vendas de fevereiro passado e 13,6% acima na comparação com o mesmo mês de março de 2020. O acumulado de 2021 foi de 497,8 mil automóveis e utilitários leves comercializados, resultado que representa uma queda de -6,5% em relação ao primeiro trimestre de 2020. 

As perspectivas de produção das montadoras enfrentam grandes desafios para os próximos meses. A cadeia logística enfrenta interrupções de fornecimento de componentes eletrônicos do exterior e de matéria-prima primária como aço, plástico e borracha em âmbito nacional. 

A pandemia e as medidas sanitárias adotadas pelos diversos governos estaduais e municipais já provocaram a paralisação de diversas fábricas de automóveis no Brasil, afetando produção, vendas e exportações.

A normalização da situação só deverá começar no segundo semestre, após a vacinação de uma parcela considerável da população.

Falta de componentes e lockdown brecam vendas de veículos

Emplacamentos sobem 8,26% em março, mas caem 6,55% no acumulado do trimestre.

Segundo dados divulgados pela FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, os emplacamentos de veículos, considerando todos os segmentos automotivos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros), somaram 269.944 unidades vendidas, contra 249.357 unidades, emplacadas em março do ano passado. Sobre fevereiro (242.066 unidades), o desempenho de março/2021 foi ainda melhor, com alta de 11,52% nos emplacamentos. “Muitas dessas vendas já tinham sido realizadas, nos meses anteriores, e os clientes estavam aguardando a entrega dos veículos, pelos fabricantes, o que ocorreu em março. Isso justifica o bom desempenho do mês, mesmo com o fechamento do comércio em estados importantes, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, por exemplo”, observa o Presidente da FENABRAVE, Alarico Assumpção Júnior.

O fechamento do comércio em muitas cidades não afetou o resultado positivo do mês de março, que apresentou alta de 8,26% nos emplacamentos de veículos automotores, em relação ao mesmo mês de 2020, início da pandemia do Coronavírus no Brasil. No acumulado do trimestre de 2021, no entanto, houve retração de 6,55% na comercialização de veículos em geral, sobre igual período do ano passado. Todos os segmentos automotivos continuam sofrendo com problemas de abastecimento de produtos pela indústria, afetada pela falta de peças e componentes, e pela paralisação da produção, em algumas unidades fabris.

Mesmo com os resultados positivos de março, o saldo do primeiro trimestre foi de queda, de 6,55%, no acumulado de janeiro a março/2021, quando foram emplacadas 786.083 unidades, contra 841.173 veículos, comercializados no primeiro trimestre de 2020.

Falta de produtos e “lockdown

O setor da distribuição de veículos continua enfrentando desafios com a falta de produtos e o aumento das restrições de circulação, por conta da pandemia. “Os concessionários de veículos estão passando por um período muito difícil. Em 2020, quando ocorreu a primeira onda da pandemia da COVID-19, tínhamos estoques e a indústria trabalhava sem problemas de abastecimento. Hoje, os estoques, praticamente, não existem, tanto nas concessionárias como nos pátios das montadoras. A falta generalizada de peças e componentes vem provocando a paralisação das linhas de montagem de várias montadoras, prejudicando a oferta de veículos”, analisa Alarico Assumpção Júnior, Presidente da FENABRAVE.

O presidente da entidade mencionou, também, a piora da pandemia no Brasil como um dos fatores para a queda na comercialização de veículos novos no país. “Apesar de as Concessionárias não gerarem aglomeração e obedecerem, rigidamente, aos protocolos sanitários, preconizados pelo Ministério da Saúde, elas têm sofrido com o fechamento das áreas de vendas, na maior parte dos estados que decretaram lockdown. Onde os protocolos estão mais rígidos, apenas as áreas das oficinas estão funcionando, por serem consideradas serviços essenciais”, explicou Assumpção Júnior.

Os segmentos de automóveis e comerciais leves: apresentaram alta de 13,69% em março de 2021 (177.109 unidades emplacadas), se comparados com o mesmo mês do ano passado (155.784 unidades). Com relação a fevereiro de 2021, quando foram licenciadas 158.226 unidades, houve alta de 11,93%. Já no acumulado do primeiro trimestre do ano, houve retração de 6,5%.

As vendas de caminhões permanecem aquecidas e as entregas melhoraram um pouco, apesar da falta de produtos para atender a alta demanda. Em março, foram emplacados 10.796 Caminhões, alta de 65,79% sobre março de 2020, quando foram vendidas 6.512 unidades do veículo. “Apesar do alto percentual de elevação, vale ressaltar que a comparação se dá por uma base muito baixa, registrada em 2020”, revela o Presidente da FENABRAVE. Já na comparação com fevereiro de 2021, quando foram emplacados 7.718 Caminhões, o aumento foi de 39,88% e, no acumulado deste primeiro trimestre do ano (25.776 unidades), houve acréscimo de 27,55% sobre igual período do ano passado.

O mercado de ônibus emplacou 1.500 unidades em março, o que significa alta de 15,83% sobre março de 2020, quando foram negociadas 1.295 unidades. Sobre fevereiro de 2021, o crescimento de março representou alta de 5,04%. No acumulado do ano de 2021, no entanto, foram emplacados 4.252 ônibus, significando queda de 19,68%, na comparação com 2020.
“As vendas de Ônibus se mantêm em um nível baixo, por conta da retração da demanda, como consequência do avanço da segunda onda da COVID-19. As restrições de circulação e cancelamento de viagens continuam afetando as empresas do setor”, explica Assumpção Júnior.

O mercado de Implementos Rodoviários, que acompanha a evolução de caminhões, registrou, em março de 2021, 7.983 unidades emplacadas, num crescimento de 93,76% sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram comercializadas 4.120 unidades, e de 21,01% sobre fevereiro deste ano (6.597 unidades). No acumulado do ano, houve crescimento de 61,79% (21.306 unidades) sobre igual período de 2020 (13.169 unidades).

O segmento de motocicletas registrou 62.290 unidades emplacadas em março, uma baixa de 17,38% sobre março de 2020, quando foram comercializadas 75.392 motos. Em relação ao mês de fevereiro de 2021, quando 57.426 motos foram vendidas, houve alta de 8,47%. No acumulado do 1º. trimestre de 2021, os emplacamentos de motocicletas somaram 205.553 unidades, um resultado que demonstra uma baixa de 16,75% sobre igual período de 2020.

“O mercado de motocicletas continua aquecido, mas ainda há impactos específicos na produção, que têm afetado o abastecimento para as Concessionárias. Devido a essas dificuldades pontuais, muitas vendas estão com programação de entrega para até 60 dias, mas a indústria vem, aos poucos, se recuperando. Desde o início da pandemia, em 2020, as Motocicletas vêm se consolidando como uma alternativa de transporte individual e de trabalho. O crédito está favorável a quem pretende adquirir Motocicletas, com a aprovação de 4,7 propostas para cada 10 enviadas aos bancos”, avalia o Presidente da FENABRAVE, Alarico Assumpção Júnior.

Tratores e Máquinas Agrícolas têm bimestre positivo

Em fevereiro de 2021, as vendas de Tratores e Máquinas Agrícolas atingiram 3.606 unidades, numa alta de 16,89%, na comparação com o mês de janeiro, quando foram comercializados 3.085 veículos. Na comparação com fevereiro de 2020, quando foram vendidas 2.606 unidades, a alta foi de 38,37%. Também no acumulado do primeiro bimestre de 2021 houve crescimento nas vendas de Tratores e Máquinas Agrícolas. Foram negociadas 6.691 unidades, o que representa crescimento de 33,23% sobre as 5.022 unidades vendidas no mesmo período do ano passado.

“Com o cenário positivo para o agronegócio, considerando o bom desempenho das commodities e as boas perspectivas para o setor, a demanda de Tratores e Máquinas Agrícolas se mantém aquecida”, explica o Presidente da FENABRAVE.