No último dia 12 de abril a Abiquim reuniu autoridades dos Ministérios das Relações Exteriores (MRE), Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Saúde (MS), Agricultura e Pecuária (MAPA), Casa Civil e Centro de Tecnologia de Embalagem (CETEA), na sede do MDIC, em Brasília, para o ‘Workshop de Reciclagem Química’ com o objetivo de esclarecer a tecnologia que envolve o processo, bem como a sua importância dentro da circularidade do plástico.
Na programação do evento, que contou com apresentações da indústria e consultoria do setor químico, bem como da área científica, temas como Reciclagem no contexto do desenvolvimento sustentável - Mercado de Economia Circular; Reciclagem Química versus Reciclagem Mecânica; Processo de Polimerização; Seleção de Plásticos Pós-Consumo para o Processo de Reciclagem Química; Produção de Matéria-Prima Circular para Pirólise; e Implementação da Reciclagem Química no Brasil. Entre os palestrantes: Maurício Jaroski da Consultoria MaxiQuim/W4Chem; Felipe Barbosa da Dow; Fábio Agnelli da Braskem; José Carlos Costa da Silva Pinto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Ivan Bessa da Braskem.
Na abertura do workshop, Lucas Ramalho Maciel, da Diretoria de Novas Economias do MDIC, destacou a importância do evento, como ferramenta essencial nesse processo de reflexão e compreensão sobre as rotas tecnológicas de aumento da reciclabilidade, enfatizando que o tema é uma imposição climática, uma exigência social e produtiva que está colocada para a humanidade. “Todos os atores, públicos e privados precisam se unir para endereçar o aumento da reciclabilidade, a necessidade urgente de reduzir a quantidade de resíduos, bem como a quantidade de insumos no processo produtivo. E para isso, investimentos em tecnologia, investimento em novas rotas, além de dominar e compreender a reciclagem química é fundamental”, argumentou o diretor.
Para André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, a escuta e o diálogo que o governo tem demonstrado nesse debate tem sido determinante. “A parceria ativa dos Ministérios nessa trajetória, bem como as provocações que têm sido feitas no processo de construção do Acordo Global em direção à cadeia industrial brasileira no sentido de avançar e encontrar soluções para as questões que estão sendo levantadas têm sido enriquecedoras”, enfatizou.
Passos afirmou que em breve todos estarão juntos no Canadá para a quarta rodada de negociações do Acordo Global do Plástico, e a indústria química brasileira e global defende com ênfase a necessidade desse acordo. “Nós acreditamos que não há solução na condução de uma economia circular – seja para o plástico ou para qualquer outro material - se não houver uma regulação global, legalmente vinculante, que estabeleça as regras do jogo no mercado internacional; que estabeleça regras para o consumo e para uso do material”.
Ele ressaltou também que um dos caminhos que a indústria química tem procurado dentro da sua atribuição direta para equacionar o tema da poluição por plásticos, por resíduos sólidos – no caso, a área a qual é de sua responsabilidade – é o caminho da melhoria tecnológica, da inovação, da pesquisa e do desenvolvimento. “É nessa direção que entra o tema da reciclagem química, como uma tecnologia com grande potencial para complementar as tecnologias de reciclagem mecânica, no sentido de aumentar o processamento do resíduo e transformá-lo em resina pós-consumo utilizável novamente para produzir artefatos e produtos, que entre outras coisas, por exemplo, aumentem o ciclo de vida, a durabilidade dos alimentos.”
Passos enfatizou que dentro de uma economia circular, o plástico pode contribuir ainda mais para evitar o desperdício e aumentar a segurança alimentar. “Temos aqui, portanto, três pontos cruciais para o País: Segurança alimentar, Circularidade e Questão climática.”
Após esclarecimento de várias dúvidas levantadas pelas autoridades presentes durante as apresentações, Passos ressaltou que a reciclagem química ainda impõe alguns desafios, sobretudo aos tomadores de decisão no setor público. Segundo o dirigente da Abiquim, o desafio econômico em questão é que produzir resinas a partir da reciclagem ainda é mais caro do que produzir da forma tradicional. “Há também o desafio logístico. O processo de produção na indústria química é contínuo, e não por batelada. Hoje ainda não temos no Brasil um mercado de resíduos em volume suficiente, nem logística para garantir um suprimento contínuo e estável. Não temos também regulamentação para logística reversa", declarou.
Ainda no evento, Maciel disse que o Governo Federal, durante o INC-4, no Canadá, estará posicionando a indústria brasileira no que há de mais sustentável, dominando essas rotas e contribuindo contra o aquecimento global. Mais do que reduzir as emissões, ele completou que o objetivo do Brasil é oferecer bens e serviços que a humanidade precisa com a menor pegada de carbono possível. “E não tem nenhum país mais eficiente que o Brasil para produzir com baixo carbono. Estamos falando de polímeros, de indústria plástica. O polímero brasileiro produz 50% menos CO2 que o mesmo polímero que tem vindo da China. No entanto, é a China a grande fornecedora de polímeros plásticos para a humanidade. Isso é um super desafio que a gente tem que colocar e endereçar no InC-4.”