Economia  04/03/2024 | Por: Redação

Economia

PIB cresce 2,9% em 2023 e indústria de transformação cai 1,3% no ano

Com balanço de forças mais favorável em 2024, FIESP projeta crescimento 1,0% para o setor


Em 2023, a economia brasileira cresceu 2,9%, ritmo de crescimento próximo ao observado no ano anterior (+3,0%). O resultado veio próximo à projeção da FIESP (+3,0%) e em linha com a expectativa do mercado (+2,9%). Com o desempenho verificado no último trimestre do ano, o carregamento estatístico para 2024 é de apenas 0,2%. Com balanço de forças mais favorável para a indústria de transformação em 2024, FIESP projeta crescimento 1,0% para o setor neste ano

O PIB em 2023 correspondeu a mais um ano de surpresa positiva em relação à expectativa do início do ano. Em janeiro de 2023, o mercado esperava crescimento de apenas 0,8%, ou seja, houve um desvio altista de 2,1 p.p. entre o valor esperado no começo do ano e o dado verificado. Mas, se é verdade que 2023 correspondeu a mais uma surpresa positiva do PIB, também é verdade que a composição do crescimento foi desequilibrada.

O setor agropecuário apresentou expressivo avanço em 2023, em decorrência da supersafra de grãos. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos aumentou 17,3% entre 2022 e 2023, atingindo patamar recorde de 320 milhões de toneladas produzidas no ano. Além dos efeitos diretos do desempenho do setor agropecuário sobre o PIB, destacam-se os seus transbordamentos para outros segmentos, como, por exemplo, o setor de transportes, responsável pelo escoamento de grãos, as cadeias agroindustriais, além do efeito positivo sobre a elevação da demanda por bens e serviços decorrente do aumento da renda agrícola. A Fiesp estima que no ano de 2023 a contribuição do setor agropecuário para o PIB foi de 0,9 p.p.

A indústria extrativa também apresentou resultado expressivo em 2023 (+8,7%), puxado pelo aumento da demanda externa por petróleo e minério de ferro. De acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a produção de petróleo cresceu cerca de 12,6% entre 2022 e 2023. 

Juntos, os setores agropecuário e extrativo contribuíram para o resultado recorde da balança comercial brasileira em 2023 (US$ 98,8 bilhões). Importa destacar que esse resultado foi alcançado a despeito da redução dos preços internacionais das commodities no ano em comparação a 2022, o que indica que o significativo crescimento das exportações é explicado pelo aumento do quantum exportado. Dentre os produtos exportados em 2023, destacam-se soja, petróleo e minério de ferro.

Em contraposição, os setores mais sensíveis aos juros continuaram apresentando fraqueza. Em 2023, a indústria de transformação caiu 1,3% e a construção civil, 0,5%. Tais setores têm sido afetados pelos efeitos defasados da política monetária fortemente contracionista. Com este resultado de 2023, o PIB da indústria de transformação registrou a sétima queda em dez anos. Cabe destacar que a participação deste setor no PIB foi de 15,3% em 2023, considerando preços correntes. A preços contantes de 2019, no entanto, a participação foi de 10,8%, a menor da série histórica, tendo sido mantida a trajetória de queda.