A conclusão do acordo de parceria entre a União Europeia e o Mercosul depois de 25 anos de negociação é uma excelente notícia para o Brasil e a indústria química instalada no país. Depois de muitas idas e vindas, o texto final chega a um acordo equilibrado em termos de acesso a mercados e de modernidade, incorporando conceitos de sustentabilidade, padrões fitossanitários, propriedade intelectual, entre outros. A Abiquim entende que o acordo apresenta várias disciplinas garantidoras de um comércio justo, leal e sustentável.
O governo brasileiro foi hábil para tratar os aspectos do desenvolvimento sustentável como uma vantagem para o Brasil frente a outros potenciais fornecedores para a Europa, de forma que o acordo abre oportunidades para a atração de mais investimentos e a consolidação de um fluxo de comércio em bases seguras com a Europa.
A Abiquim sempre defendeu e seguirá defendendo a maior integração econômica do Brasil com parceiros comerciais responsáveis, em operações realizadas em um ambiente saudável de negócios, com competição justa e isonômica.
André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, destaca que estão previstos impactos positivos para a química em termos da consolidação de acesso a mercados de uma maneira equilibrada nos dois lados do Atlântico e a existência de disciplinas modernas que garantirão um comércio justo e leal atrelado ao desenvolvimento sustentável dos países dos dois blocos. “De especial interesse do setor químico, o foco do texto do novo anexo ao capítulo sobre comércio e desenvolvimento sustentável no fomento à integração das cadeias produtivas rumo à descarbonização da economia abre caminho para a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias produtivas e efetivação de investimentos produtivos de baixo carbono, além de estimular a concessão de tratamento favorecido para o comércio exterior de produtos sustentáveis brasileiros no acesso ao mercado europeu”, enfatiza Passos.
ABAG
A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) celebra o avanço do acordo UE-Mercosul e reconhece sua importância estratégica a ambos os blocos para a expansão de oferta e a segurança alimentar e energética da União Europeia diante dos limites impostos pelo conturbado cenário geopolítico global.
Pelo lado do Mercosul, a expectativa é de um gradual incremento do PIB do bloco gerado pela facilitação de investimentos e redução e ou isenção de taxações da UE a produtos originários da América do Sul. Isso permitirá o aumento da capacidade do bloco em promover o desenvolvimento sustentável e o atendimento a demandas socioambientais e econômicas recorrentes.
Especificamente para o agronegócio, em 10 anos, a UE deve isentar em mais de 80% as importações agrícolas do Mercosul e dar acesso preferencial com menor tarifa a diversos produtos.
A eliminação de tarifas é referente a frutas, peixes, suco de laranja, óleos vegetais entre outros produtos. Já as carnes bovina e suína terão um valor estabelecido por cotas, assim como o açúcar e o etanol.
O Brasil, reconhecidamente um parceiro comercial confiável, vai contribuir ainda mais para suprir a necessidade da UE de estabelecer parcerias com cadeias produtivas descarbonizadas e sustentáveis, uma condição essencial para atingir as metas de redução de emissões.
Ademais, o Acordo deve valorizar a percepção sobre o agro brasileiro, sua condução profissional focada na produtividade e na sustentabilidade, que respeita as normas e dá origem a energias renováveis e alimentos de qualidade que abastecem inúmeras nações ao redor do mundo.
Para o presidente da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o avanço do Acordo tem um peso institucional muito grande e que no longo prazo essas oportunidades comerciais também vão gerar impactos positivos para a economia do Brasil, fomentando principalmente a produtividade da agroindústria.
Na avaliação do vice-presidente da entidade, Ingo Plöger, agora existe um esquadro jurídico que facilita o andamento de pautas futuras de cooperação entre blocos democráticos que apostam na livre iniciativa em um mundo cada dia mais protecionista.
“Teremos novas agendas comuns nas áreas de novos combustíveis e tecnologias de processos industriais, mais cooperando do que competindo, conjugando inovações em serviços digitais e fortalecendo os instrumentos de democracias. A ABAG em suas atuações internacionais agora será ainda mais demandada para buscar estas conjugações. Mais mercado, melhor cooperação, competição na diversidade e inovação, e expandindo a participação do privado nos desenvolvimentos sustentáveis”.