O ano de 2024 foi marcado pela continuidade da recuperação das atividades econômicas, puxada pelo aumento do consumo das famílias e também pelo crescimento da formação bruta de capital fixo. De acordo com o IBGE o consumo das famílias registrou crescimento de 5,1% e a FBCF acumulou um crescimento de 6,6% nos três primeiros trimestres de 2024. Dentre os fatores que compõem a taxa de investimento do país, a construção civil cresceu 4,2% e os bens de capital registraram expansão de 14,5%.
A análise desagregada, todavia, apontou para um cenário menos positivo, parte importante dos investimentos foram realizadas por meio de máquinas e equipamentos importadas que cresceram quase 25%, e o crescimento da produção doméstica de bens de capital se explicou efetivamente por três segmentos: 1. os bens de capital de transporte; 2. os equipamentos de informática e produtos eletrônicos; e 3. as máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Por sua vez, o segmento máquinas e equipamentos, setor representado pela ABIMAQ encerrou o ano em patamar inferior ao observado em 2023.
Dados da ABIMAQ revelam que o consumo aparente de máquinas e equipamentos encolheu 0,2% em 2024 e que a receita liquida interna caiu 11%, recuando para 54% a sua participação no consumo nacional, uma perda de 6 p.p. do mercado em relação ao ano de 2023. No período as importações de máquinas e equipamentos cresceram 16,6%.
Com o crescimento de 16,6% as importações de máquinas e equipamentos atingiram em 2024 o segundo maior nível da história. O maior resultado se deu em 2013, ano no qual o país registrou a maior taxa de investimento (cerca de 21% do PIB). O consumo aparente de máquinas e equipamentos na ocasião foi de R$ 568 bilhões, destes 70,6% em bens produzidos localmente.
Em 2013 o papel das importações era de complementariedade, atualmente, dado o menor nível de investimentos no país (17% do PIB e R$ 370 bilhões em máquinas e equipamentos), os bens de capital produzidos localmente sofreram com a substituição por importados e na sua maior parte de origem chinesa. Em 2013 a importação de máquinas e equipamentos da China representava 17% dos US$ 29,8 bilhões importados pelo país, em 2024 saltou para 31,5% dos US$ 29,6 bilhões.
A receita total de máquinas e equipamentos, resultado das receitas de vendas no mercado interno acrescido das exportações também encolheu e encerrou o ano com queda de 8,6% ante o ano de 2023, a terceira queda consecutiva.
Nas exportações também ocorreu queda (-5,5%), mas, ainda assim, o setor registrou o segundo maior nível de exportação da história, abaixo apenas do resultado de 2023 quando o setor exportou US$ 14 bilhões em máquinas e equipamentos.
Perspectivas para 2025
O ano de 2025 será de grandes desafios. No mercado doméstico os efeitos da política monetária contracionista, já em curso, num ambiente de inflação acima da meta, devem refletir em desaceleração. Neste ambiente, atividades dependentes exclusivamente de crédito, como o setor imobiliário e bens de consumo semi e não duráveis tendem a ser os mais impactados negativamente.
Na agricultura, após um ano de forte desaceleração, as notícias são mais animadoras. A previsão divulgada pela CONAB, IBGE e MAPA é safra recorde de grãos e melhora na rentabilidade do produtor rural, fatores que devem abrir espaço para maiores investimentos no campo mesmo num ambiente de crédito restrito e relativamente mais caro. Na infraestrutura, os diversos leilões e concessões já realizados e outros inúmeros previstos para ocorrerem também tornam o cenário mesmo negativo.
Neste cenário a expectativa para a indústria de máquinas e equipamentos é de pequena recuperação. A previsão é de crescimento de 3,7% na receita liquida de vendas após três quedas consecutivas: 8,6% em 2024, 11,0% em 2023 e 5,8% em 2022. No mercado doméstico a expectativa é de crescimento e 2,3%.
Nas exportações, que se encontram em níveis historicamente elevados, a previsão é de estabilidade nos valores em dólares. Mas o real relativamente desvalorizado (R$/US$ 5,9 em 2025 contra R$/US$ 5,4 em 2024) contribuirá para uma receita total maior no período.
Olhando para os mercados de atuação do setor fabricante de máquinas e equipamentos a expectativa é de aumento da receita liquida de máquinas para agricultura, petróleo e energia renovável, infraestrutura e construção civil. Por outro lado, deve haver desaceleração nas receitas com máquinas para a indústria de transformação e de bens de consumo.
A pesquisa de investimentos realizados e previstos pelos fabricantes de máquinas e equipamentos identificou uma intenção de investimentos em 2025 da ordem de R$ 8,4 bilhões, um crescimento de 4% sobre os investimentos realizados em 2024 (R$ 8 bi). Naquele parte dos investimentos planejados foram adiados.