Após um primeiro semestre de bons resultados frente ao mesmo período de 2024, a segunda metade do ano começou com dados preocupantes. A produção sofreu uma inversão de curva, fechando o terceiro trimestre com recuo de 0,8% frente ao mesmo período do ano passado. O setor de pesados contribuiu decisivamente para essa baixa, com queda de 9,4% ante o terceiro trimestre de 2024. No caso de leves, houve redução de 0,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Apesar disso, a marca de 2 milhões de veículos foi alcançada. No acumulado do ano, a produção ainda está acima do visto de janeiro a setembro de 2024, com alta de 6%. Os dados do último trimestre, no entanto, indicam dificuldades para o setor manter o desempenho. “Os números do período de julho a setembro nos preocupam por indicarem a perda da tração que verificamos na primeira metade do ano e nos impõem o desafio de uma recuperação considerável no último trimestre, diante de uma base muita boa do final do ano passado”, afirma Igor Calvet, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O segmento com melhor resultado de produção no ano é o de ônibus, com crescimento de 13,4% ante o mesmo período de 2024, contrastando com a queda de 3,9% dos caminhões. Os emplacamentos, que tiveram alta de 7,2% no primeiro trimestre e de 2,9% no segundo, recuaram 0,4% de julho a setembro. O varejo de veículos nacionais teve retração de 8,1% no acumulado do ano, um resultado que seria pior sem o programa Carro Sustentável, cujos modelos inscritos tiveram incremento de 24% nas vendas.
Até os importados verificaram ritmo mais lento de emplacamentos em setembro. Os modelos chineses, porém, tiveram o terceiro mês seguido de recorde, com mais de 18 mil registros. As exportações seguem como o melhor indicador do setor, com elevação acumulada de 51,6% em comparação com os embarques de janeiro a setembro de 2024, totalizando 430,8 mil autoveículos. A situação com Colômbia, entretanto, causa grande preocupação por conta do fim do acordo bilateral e da criação de um Imposto de Importação de 16,1% para automóveis brasileiros já neste mês de outubro. Trata-se do nosso terceiro maior destino de exportações e, apesar dos esforços do governo brasileiro, segue a incerteza sobre como ficará o desempenho das vendas para os colombianos. Outro ponto de atenção é a desaceleração da economia do México. Nosso segundo maior mercado no exterior continua em declínio, o que aumenta substancialmente a dependência do crescente mercado argentino. Os embarques mais que dobraram para a Argentina nesses nove meses em comparação com igual período de 2024, com elevação de 130,6%. É um volume tão representativo que vem sendo fundamental para manter a alta de 6% na produção acumulada deste ano.