Economia  15/08/2022 | Por: Redação

Indústria química

Importações de produtos químicos atingem novo recorde, de US$ 8,3 bi

No acumulado do ano, déficit soma US$ 60,1 bi e, até dezembro, poderá ter inédito patamar superior a US$ 65 bi


As importações brasileiras de produtos químicos somaram US$ 8,3 bilhões em julho, novo recorde mensal, aumento de 4,5% na comparação com o mês anterior, junho, e de expressivos 57,3% em relação ao mês de julho de 2021. Desde o início do ano, os valores importados são consecutivamente superados, tendo em julho atingido esse novo recorde. Já em termos de volumes, as movimentações foram, no mês, de pouco mais do que 6 milhões de toneladas, com elevação de 5,8% na comparação com junho e de 13,8% em relação ao mesmo mês de 2021.

As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, somaram, em julho, US$ 1,53 bilhão, movimentando 1,2 milhão de toneladas, recuos, respectivamente, de 9,5% (valor) e de 13,9% (quantidades físicas) em relação ao mês anterior, junho. 

No acumulado deste ano, entre janeiro e julho, as importações de produtos químicos foram de praticamente US$ 46,9 bilhões, o que representa um impactante avanço de 54,5% em relação ao mesmo período de 2021. Já as exportações brasileiras dessas mercadorias tiveram um aumento de 34%, totalizando US$ 10,3 bilhões até julho. Ambos os fluxos tiveram seus resultados fortemente influenciados pelos elevados patamares de preços internacionais, com termos de trocas, em média, 40% superiores àqueles acumulados entre janeiro e julho do ano passado.

Com esses resultados, o déficit na balança comercial de produtos químicos chegou, até julho, à marca de US$ 36,5 bilhões, alarmante aumento de 70,3% em relação ao mesmo período de 2021. Nos últimos 12 meses, de agosto de 2021 a julho deste ano, o déficit comercial somou inéditos e consternadores US$ 60,1 bilhões, podendo ultrapassar, até o final do ano, a grave marca de US$ 65 bilhões.

Vendas crescem no 2º trimestre de 2022

De acordo com os dados preliminares dos indicadores Abiquim-Fipe, que medem o comportamento dos produtos químicos de uso industrial, no mês de junho de 2022 em comparação ao mês anterior, o índice de vendas internas caiu 1,06% e as importações recuaram 10,9%, o que se refletiu em um CAN 6,1% menor. Já a produção apresentou elevação de 4,50%, com destaque para o desempenho das exportações, que cresceram 2,2%.

Como reflexo, o nível de utilização da capacidade instalada ficou em apenas 64% em junho de 2022, mesmo percentual de maio. Em relação aos preços praticados no mercado doméstico, houve alta nominal de 0,04% em junho, após ter apresentado elevação de 2,06% em maio de 2022, seguindo o comportamento dos preços dos produtos químicos no mercado internacional. 

Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a economia mundial está sofrendo com a alta dos preços e a escassez de recursos energéticos, com consequente impacto na inflação, nos juros e na logística, sobretudo causados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.

Apesar dos resultados do último mês de análise, no acumulado do 2º trimestre de 2022, o índice de vendas internas cresceu 10,09%, o CAN apresentou elevação de 1,1%, enquanto as importações tiveram alta de 1,5%, todas as variações em relação aos meses de abril a junho de 2021. O uso das instalações alcançou 67% no 2º trimestre deste ano. Em relação ao 1º trimestre deste ano, os dados também indicam melhora no que diz respeito ao CAN, com alta de 4,0%, e ao volume de importações, que cresceu 25,4%. Por outro lado, o índice de produção apresentou recuo entre abril e junho deste ano, tanto em relação a igual período do ano passado (-3,36%), quanto em relação ao 1º trimestre deste ano (-9,19%).