Dados do mês de outubro de 2023, da pesquisa Indicadores Conjunturais da ABIMAQ, registraram nova queda na receita líquida de vendas do setor de máquinas e equipamentos. A queda ocorreu tanto na comparação mensal como interanual, ampliando a queda acumulada no ano de 2023. A queda do período foi em função da piora nas vendas no mercado doméstico que recuou 21,4% em relação ao mesmo mês de 2023. Nas exportações foi observado crescimento de 28,8% no mesmo tipo de comparação.
Apesar da piora no total do mês, parte do mercado atendido pela indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou expansão na aquisição de bens de capital, trata-se da indústria de bens intermediários e também de bens de consumo. Nos setores de infraestrutura, agricultura e construção civil, houve queda na aquisição de máquinas e equipamentos.
Desde o início de 2022 o setor fabricante de máquinas e equipamentos vem registrando encolhimento nas receitas de vendas no mercado doméstico. Em 2022 a queda foi de 6,9% e em 2023, até o mês de outubro, com a piora no mercado doméstico, saltou para 14,7%. Nas exportações de 2023, considerando o mesmo período de 2022, houve crescimento de 18,4% em dólares ou 9,7% em reais, que passaram a representar 24,6% da receita total do setor, contra 20,2% no ano anterior.
Apesar do forte desempenho positivo das exportações no ano, o total da receita de máquinas e equipamentos no período (mercado doméstico + exportação) registrou queda de 9,8% em 2023 (janeiro/outubro).
Exportações
Após queda de 20,7% no mês de setembro, outubro registrou crescimento de 22,2% ante ao mês imediatamente anterior. Assim as exportações subiram para US$ 1,42 bilhão no mês, o segundo melhor desempenho da história da indústria de máquinas e equipamentos.
Em relação ao mesmo mês de 2022, as exportações ficaram 28,8% acima. Em outubro daquele ano o setor exportou US$ 1,1 bi em máquinas e equipamentos, No ano de 2023 (JanOut) as exportações do setor atingiram US$ 11,86 bilhões, valor 18,4% superior aos observados no mesmo período de 2022 (US$ 10,02 bilhões).
Dados da Funcex indicam que a valorização de 2,6% do Real frente ao Dólar (de R$/US$ 5,15 de janeiro/outubro de 2022 para R$/US$ 5,0 em JanOut23) foi compensada pela melhora nos preços internacionais destes bens - até o mês de outubro houve crescimento de 11,4% nos preços internacionais de máquinas e equipamentos.
Importações
O mês de outubro registrou nova queda nas importações de máquinas e equipamentos, tanto em relação ao mês imediatamente anterior (- 3,5%) quanto em relação ao mesmo mês do ano anterior (6,0%). Com esse resultado, parte do crescimento acumulado do ano foi anulado, caindo de 11,2% para 9,4%.
No mês de outubro de 2023 foram importados US$ 2,056 bilhões em máquinas e equipamentos contra US$ 2,19 bi em Out22. No ano (janeiro a outubro) as importações superaram as realizadas em 2022 em 9,4% ao atingirem US$ 22,37 bilhões.
Mesmo com a desaceleração nas importações, os dados recentes sugerem perda de competitividade do bem nacional ante o importado. Até o mês de Out23 os equipamentos importados ganharam 3,1 p.p. do consumo aparente de máquinas e equipamentos no Brasil.
Em outubro de 2023 houve queda nas importações de máquinas e equipamentos de quase todos os segmentos monitorados, entre eles o de infraestrutura, construção civil e agrícola, o que reforça o quadro de desaceleração em boa parte das atividades nacionais. Se observou crescimento nas importações de máquinas para extração de petróleo e de máquinas para a indústria de bens de consumos.
No ano, em razão do crescimento no segundo trimestre, o desempenho positivo prevalece, mas em menor nível. O aumento das importações de máquinas neste período ocorreu nos setores os fabricantes de bens de consumo, agrícola e extração de petróleo
Consumo aparente
O consumo aparente nacional de máquinas e equipamentos, resultado da soma da aquisição de bens produzidos localmente com os importados, no mês
outubro, registrou queda, piorando o resultado acumulado em 2023.
O consumo no mês de outubro foi de R$ 27,4 bi, 9,2% inferior ao do mês de Setembro de 23 (R$ 30,19 bi) e 19,1% abaixo do resultado observado no mesmo mês de 2022 (R$ 33,89 bilhões).
A desaceleração da atividade na construção civil e na indústria de transformação vem impactando negativamente as decisões de investimentos no país.
No ano o consumo nacional de máquinas e equipamentos caiu para R$ 301,6 bilhões, ante 336,5 bilhões no mesmo período do ano anterior fato que reforça a preocupação com o crescimento econômico no próximo ano.
Capacidade instalada
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira de Máquinas e Equipamentos estabilizou em 75,5% no mês de outubro e ficou 4,6% abaixodo nível observado em 2022 (79,2%). Em média, no período o setor operou com 2 turnos. No ano o setor atuou com 75,8% da sua capacidade instalada, 2,9 p.p, abaixo do nível de atuação observado em 2022.
A carteira média de pedidos, do mês outubro, voltou a recuar e atingiu o patamar de 9,3 semanas de atividade contra 11,2 semanas em outubro do ano passado. Resultado, mais uma vez, foi puxado pela piora nas encomendas de máquinas para indústria de transformação e de construção civil. Nos setores fabricantes de máquinas para agricultura, componentes e para infraestrutura, houve melhora na carteira de pedido no mês de outubro.
