Em tradicional encontro de final de ano com a Imprensa especializada, além de lançar o Manifesto em Defesa da Descarbonização (impresso e em vídeo), a AEA - Associação Brasileira de Engenharia Automotiva - discorreu sobre os diversos programas setoriais em que a entidade teve participação efetiva ao longo do ano, como o Mover e o Combustível do Futuro, apresentou o segundo ciclo do Roadmap Tecnológico Automotivo Brasileiro, agora em formato de spin-off, e detalhou a importância do sistema nacional de acreditação de laboratórios de emissões veiculares.
Na abertura do encontro, o presidente da AEA, Marcus Vinicius Aguiar, destacou – dentro do objetivo de avançar com o processo de descarbonização setorial – os acordos de cooperação firmados com o Ibama (MMA), a participação da entidade na regulamentação do Programa Mover (MDIC), ratificou assento na Câmara Temática de Assuntos Veiculares, Ambientais e Transporte Rodoviário (CTVAT), entre outros.
Enalteceu ainda o documento técnico “Roadmap Tecnológico Automotivo Brasileiro”, whitepaper conduzido por Everton Lopes, à época (2020) diretor de Tendências Tecnológicas, e que agora, sob a coordenação de Murilo Ortolan, mostra a versão 2.0 que norteia as melhores políticas públicas de descarbonização do país.
“A pauta de descarbonização, também conhecida como conceito “Do berço ao túmulo”, passou ao longo de 2024 pelas diretorias de Manufatura, de Veículos Leves e Emissões, de Veículos Pesados e Emissões, de Eletromobilidade, de Eletroeletrônica, e de mais treze diretorias e 45 comissões técnicas de nossa entidade”, reforçou Aguiar, para quem “o Brasil assumiu o protagonismo dessa pauta por ser um país privilegiado por ter diversidade de matrizes energéticas limpas e por dominar o conhecimento das principais tecnologias automotivas.
Ao vice-presidente da AEA, Everton Lopes, coube fazer uma minuciosa explanação sobre a importância das regulamentações setoriais no desenvolvimento da indústria local e na evolução da mobilidade sustentável, ao apresentar as principais políticas públicas como o Programa Mover, o Combustível do Futuro e todas as frentes responsáveis pelo programa de descabonização.
Murilo Ortolan, diretor de Tendências Tecnológicas da entidade, por sua vez, discorreu sobre a versão 2.0 do Roadmap Tecnológico Automotivo Brasileiro, agora mais pontual em três pilares: descarbonização de veículos leves e de pesados, Inteligência Artificial e Conectividade e Segurança Veicular.
Por conta de transição energética e, consequentemente, célere transformação do setor automotivo brasileiro em novas tecnologias, ganhou relevância ainda mais acentuado o sistema nacional de laboratório de emissões veiculares. Esse tema conduziu a apresentação de Marcello Depieri, diretor de Acreditação de Laboratórios da AEA, que ratificou “o Brasil é o único país do mundo que tem um programa nacional envolvendo todos laboratórios/segmentos que fazem parte das medições de poluentes e eficiência energética”.
Manifesto
É incontestável a realidade das severas consequências das mudanças climáticas, causadas por atividades humanas desde o início da era pré-industrial – marcada por períodos distintos em diferentes continentes ou países – acentuada pela intensificação da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), que geram gases responsáveis por reter o calor, embora algumas nações ainda insistam em manter uma posição negacionista.
Diante da cientificidade e inegável constatação da crise climática, o Acordo de Paris (COP 21, de 2015) estabeleceu o aumento máximo da temperatura global de 1,5o C até 2030, por meio do qual visa-se reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer a capacidade dos países de lidar com os impactos das mudanças climáticas.
Signatário do Acordo de Paris, o Brasil ratificou seu posicionamento em 2016, com o compromisso de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em até 37% até 2025 e em 43% até 2030, em relação aos níveis de 2005, e agora na COP 29 – de modo voluntário –, por meio do documento Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), decidiu ampliar a redução de GEE entre 59% e 67% até 2035, envolvendo todos os setores da economia, em contribuição efetiva com o planeta.
No setor automotivo, em 2013, portanto três anos antes de alinhar-se à COP 21, o Brasil já instituía o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-Auto), em vigor até 2017, responsável por aumentar a eficiência energética e, por consequência, a redução do consumo de combustíveis em 15%; depois com o Programa Rota 2030 - Mobilidade e Logística (2018-2022) foi alcançado novo patamar de redução do consumo de combustíveis em 11%.
A partir deste ano, o setor automotivo brasileiro é regido pelo Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que amplia a regulamentação rumo à descarbonização setorial, independente das trilhas tecnológicas a serem adotadas – combustão, híbridos, elétricos, gás, hidrogênio e/ou outras alternativas. Este programa adota o conceito estruturante “Do berço ao túmulo”, incluindo a pegada de carbono nos processos industriais e a reciclabilidade veicular.
Vale destacar que nos três programas federais do setor automotivo brasileiro, a AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva vem tendo papel preponderante, ao participar de todas os debates técnicos, por meio de estudos – solicitados pelo Governo Federal ou de iniciativas próprias –, desenvolvidos pelas comissões técnicas da entidade, além de priorizar e conduzir seus sete eventos anuais com temas de descarbonização.
Ressalte-se ainda que o Brasil é privilegiado em fontes renováveis de energia e domínio de conhecimento em tecnologias automotivas, baseadas em biomassas, que posicionam o país entre as lideranças mundiais do ranking de descarbonização. A AEA, portanto, manifesta seu total apoio aos programas industriais de baixo carbono, ao disponibilizar o conhecimento, a experiência, a criatividade e a força da Engenharia Automotiva brasileira.