Economia  07/10/2024 | Por: Redação

Setor calçadista

"Invasão chinesa” coloca em risco recuperação de empregos calçadistas

Setor encerrou agosto empregando mais de 293 mil pessoas no Brasil


Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) com base em registros do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) apontam que a indústria calçadista brasileira encerrou agosto com saldo positivo de 12,4 mil postos criados, encerrando o mês oito com um estoque de 293 mil empregos gerados, 2,5% menos do que no mesmo período do ano passado. 

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o dado aponta para uma recuperação da produção do setor, que cresceu mais de 4% até agosto, alcançando mais de 500 milhões de pares de calçados. “O mercado interno brasileiro, ancorado no crescimento das rendas das famílias, vem dando boa resposta para a indústria de calçados”, comenta. No entanto, segundo o executivo, existe uma ameaça que pode colocar em risco o bom momento do setor. “O calçado asiático, em especial o chinês, vem avançando no mercado brasileiro. Com a prática de dumping - quando a empresa exporta produtos com valor abaixo do preço de mercado -, esses calçados entram no Brasil com valores subfaturados e provocam uma concorrência desleal com as produtoras brasileiras”, alerta. 

Invasão chinesa

Ferreira alerta também para o risco de um possível acordo de livre comércio entre o Mercosul e a China, o que aumentaria a invasão de calçados asiáticos nas lojas brasileiras. “Seria uma tragédia a China poder enviar seus produtos para o Brasil sem taxa de importação e sem tarifa antidumping - hoje em US$ 10,22 por par. A indústria calçadista brasileira não só pararia de empregar, por falta de pedidos, mas correria sério risco de seguir existindo”, conclui o dirigente.

Ranking

Estado que mais emprega na atividade, o Rio Grande do Sul criou 1,6 mil empregos no setor até agosto, encerrando o período com 85,7 mil postos diretos no setor, 4% menos do que no ínterim correspondente de 2023.  A indústria calçadista cearense foi a primeira do Brasil a recuperar as perdas de postos de 2023. No acumulado até agosto foram mais de 3 mil postos criados,
o que fez com que o Estado terminasse o período com um total de 68,3 mil empregos na atividade, 0,7% mais do que no mesmo intervalo de 2023.

A Bahia, que fecha o ranking dos principais empregadores da indústria de calçados no País, gerou mil postos no acumulado até agosto, encerrando o período com estoque de 40,8 mil empregos diretos na atividade, 4,8% menos do que no mesmo intervalo do ano passado. 

Os empregos no setor por Estado:

RS: + 1,6 mil empregos entre janeiro e agosto / 85,8 mil empregos no total (-4% ante 2023)

CE: + 3 mil empregos entre janeiro e agosto / 68,3 mil empregos no total (+0,7% ante 2023)

BA: + 1 mil empregos entre janeiro e agosto / 40,8 mil empregos no total (-4,8% ante 2023)

SP: + 4 mil empregos entre janeiro e agosto / 33,8 mil empregos no total (-0,8% ante 2023)

BRASIL: + 12,4 mil empregos entre janeiro e agosto / 293 mil empregos no total (-2,5% ante 2023).