Movida por avanços tecnológicos e mudanças nas demandas do mercado global, a indústria automotiva está atravessando uma fase transformadora de sua história. Em 2025, as principais tendências estarão voltadas à inovação, priorizando a segurança, estabilidade e a durabilidade dos veículos, dentro de um contexto em que, globalmente, consumidores têm optado por permanecer mais tempo com seus veículos.
Para termos uma ideia mais clara desse cenário, segundo estudo da IHS Markit divulgado pela consultoria Fortune Business Insights, a idade média dos veículos em operação (VIO) tem aumentado progressivamente ao longo dos últimos anos. Em 2021, por exemplo, a idade média dos veículos leves nos Estados Unidos atingiu um recorde de 12,1 anos, média semelhante à da União Europeia (12 anos) e do Brasil (que ultrapassa 11 anos, segundo dados do Sindipeças).
Dentro de todo esse contexto, todo um cenário de oportunidades se abre para as indústrias de reposição e autopeças: até 2027, a consultoria Technavio prevê uma expansão de mais 6% ao ano no setor, com movimentações de US$ 164.58 bilhões dentro do período. Esse indicador, somado à necessidade de produtos e soluções que acompanhem as mudanças do mercado e contribuam para a manutenção de veículos que tendem a circular por mais tempo no Brasil e no mundo, é um farol positivo para empresas comprometidas com uma visão tecnológica e inovadora.
Nesse sentido, inovações no campo das tecnologias de suporte do câmbio e motor, alinhado a soluções de estabilização que melhoram o desempenho dos veículos, devem se fortalecer no ambiente de negócios brasileiro.
Outra tendência que pode movimentar a indústria de reposição foi observada pela McKinsey em relatório recente e envolve a conectividade dos veículos, indicando para os condutores a necessidade de manutenção e de serviços de reparo em tempo real, trazendo mais previsibilidade e segurança para os motoristas.
Nesse mesmo sentido, o estudo "The Future of the Automotive Value Chain: 2025 and Beyond", o papel da conectividade será fundamental nesse cenário. Até 2025, espera-se que 20% do EBITDA total das empresas automotivas venha de serviços baseados em dados e mobilidade, em vez de depender apenas da venda de veículos.
Isso significa que a experiência dos usuários será revolucionada, com veículos conectados capazes de se comunicar com outros carros, infraestruturas urbanas e dispositivos inteligentes, oferecendo uma direção mais segura, informativa, personalizada e em linha com a tendência de manutenção preventiva.
Outro movimento do mercado que influencia tanto a indústria automotiva de modo geral, quando o mercado de reposição e autopeças envolve a evolução dos veículos autônomos. Com o avanço para o Nível 4 de autonomia (automação avançada), carros capazes de dirigir sozinhos em grande parte das situações estarão disponíveis no mercado, exigindo, por sua vez, o desenvolvimento de soluções, peças e expertise para uma maior durabilidade dos automóveis inteligentes.
A personalização dos veículos, por fim, é outro exemplo de atrativo para os consumidores que alcança o setor automotivo como um todo. Essa abordagem centrada no usuário reforça a importância de compreender as expectativas do público e traduzi-las em soluções práticas e inovadoras.
Perspectivas para o mercado nacional
No Brasil, a indústria automotiva também sinaliza um ano promissor com retorno ao crescimento, criando condições favoráveis para investimentos nas tendências globais. Dados da Anfavea indicam um aumento de 14,5% nas vendas de veículos no terceiro trimestre de 2024, quando a produção alcançou 715 mil unidades. Neste ano, até outubro, o segmento já havia gerado 60 mil novos empregos e recebido mais de R$ 130 bilhões em investimentos.
Esses dados demonstram a confiança das empresas na recuperação econômica do país e na retomada da indústria. Outra expectativa animadora é o retorno do Salão do Automóvel, programado para 2025 com estimativa de atrair um milhão de visitantes, o evento é de grande importância como catalisador de visibilidade e inovação no mercado brasileiro.
Para 2024, a previsão de 2,47 milhões de automóveis sinaliza uma recuperação moderada, mas que dependerá diretamente da capacidade dos fabricantes e do setor de autopeças de se adaptarem às mudanças do setor e de captarem oportunidades em áreas como eletrificação e conectividade.
Com um panorama global e local marcado por transformações tecnológicas e pelo aumento do tempo de circulação dos automóveis, o futuro da indústria automotiva em 2025, em síntese, deve ser pautado pela convergência entre inovação, segurança e busca por uma maior durabilidade dos veículos , prometendo ser um marco para a consolidação de tendências que podem fortalecer a retomada de um setor fundamental para a economia do país.
*Simone de Azevedo é sócia e diretora comercial da Mobensani