Os dados sobre o desempenho da economia brasileira do 1º trimestre de 2025 foram divulgados pelo IBGE. Em relação ao quarto trimestre de 2024 a variação do PIB foi de 1,4%, com destaque para o setor de Agropecuária (12,2%) e de Serviços (0,3%) que contribuíram para o crescimento. Houve no período leve variação negativa na Indústria (-0,1%).
No trimestre o PIB em valores correntes, foi de R$ 3,0 trilhões, sendo R$ 2,6 trilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 431,1 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. No mesmo período, a taxa de investimento foi de 17,8% do PIB, acima dos 16,7% do primeiro trimestre de 2024. Já a taxa de poupança foi de 16,3%, superando os 15,5% do mesmo trimestre de 2024. As informações são do Departamento de Competitividade, Economia e Estatística da ABIMAQ (DCEE).
Dados relevantes do ano de 2024
• O setor de Agropecuária, com peso de 9% no primeiro trimestre do ano teve um desempenho forte (+12,2%), favorecida pelo aumento da produção e pela melhora da produtividade de culturas com safras relevantes no período, com destaque para soja, milho, arroz e fumo, foi responsável por 24% do crescimento do país.
• Já no setor de Serviços, com peso aproximado de 70% da economia do país, houve crescimento em algumas atividades, mas o destaque ficou para serviços de Informação e Comunicação (3,0%), devido especialmente ao aumento de Internet e desenvolvimento de sistemas.
• O setor Industrial, teve resultado fraco, em razão, principalmente ao desempenho das indústrias de transformação e construção, que tiveram quedas no 1º trimestre de 2025 de 1,0% e 0,8%, respectivamente. Eletricidade e Indústria Extrativa ajudaram o número com crescimentos de 1,5% e 2,1%, respectivamente.
• Pela ótica da demanda, destaque para a expansão da Despesa de Consumo das Famílias (1,0%) e a Formação Bruta de Capital Fixo (3,1%), enquanto a Despesa de Consumo do Governo (0,1%) registrou estabilidade.
• Em relação ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram variação positiva de 2,9% ao passo que as Importações de Bens e Serviços cresceram 5,9% em relação ao quarto trimestre de 2024.
• Com o resultado do primeiro trimestre, é esperado que haja mudanças nas expectativas, com parte do mercado aumentado a sua projeção para o crescimento do PIB de 2025.
Avaliação ABIMAQ
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do 1º trimestre de 2025, com alta de 1,4% frente ao trimestre anterior, sinalizou uma economia que segue forte, mas com dinâmicas setoriais desiguais.
Indo além dos números agregados se reconheceu que o crescimento atual foi sustentado pelo lado da oferta pelo desempenho do agronegócio e pelo lado da demanda por estímulos ao consumo, a atividade industrial estagnou no período.
A indústria recuou 0,1% no trimestre, o que, à primeira vista, pode parecer uma variação marginal. No entanto, quando olhamos mais de perto, vemos uma queda significativa nas indústrias de transformação (-1,0%) e na construção civil (-0,8%), provavelmente como reflexo da política monetária contracionista.
O Consumo das Famílias retomou a trajetória de crescimento, após a desaceleração no trimestre anterior, beneficiado pelo mercado de trabalho aquecido e por medidas de auxílio como a liberação do saldo do FGTS dentre outras.
A FBCF também registrou desempenho positivo em razão do crescimento da construção, da produção e importação de bens de capital, do desenvolvimento de softwares e da importação de plataformas de petróleo no período.
Dados da ABIMAQ já sinalizavam incremento nos investimentos em máquinas e equipamentos em diversos setores da economia no primeiro trimestre do ano. E em maior proporção no setor fabricante de bens de consumo, na agricultura, na indústria extrativa e na construção e forte aumento na taxa de penetração dos bens de capital importados no país.
No primeiro trimestre do ano o consumo aparentes de máquinas e equipamentos, segundo a ABIMAQ, registrou expansão de 23,5%, com crescimento de 17,9% na aquisição de máquinas produzidas localmente e 30% nas importações. Com o desempenho do 1º trimestre, o PIB total, em termos dessazonalizados, renovou o patamar recorde, situando-se cerca de 12,6% acima do período pré-pandemia (4º tri de 2019). Com muitos estímulos monetários, fiscais, parafiscais, além de uma expressiva alta de setores ligados à exploração de recursos naturais renováveis e não renováveis e a consequente renda real gerada por eles, a recuperação da economia brasileira após a pandemia se mostrou bem mais rápida do que a observada após a crise de 2014-16.
A expectativa para o próximo trimestre é de manutenção do crescimento do PIB, embora com desaceleração, impulsionada por segmentos mais relacionados às condições de oferta, como a Extrativa mineral e a Agropecuária. O início do novo crédito consignado para os trabalhadores do setor privado, a ampliação da faixa de renda do Minha Casa Minha Vida e a liberação extraordinária do FGTS também darão algum alívio às pressões contracionistas da política monetária.
Os investimentos (FBCF) também deverão continuar em trajetória crescente, embora com menor ritmo. O cenário de desaceleração do investimento privado devido ao aperto monetário deverá ser parcialmente compensado pela continuidade dos investimentos públicos, especialmente de estados e municípios.