Pesquisadores da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas de Harvard (SEAS) desenvolveram uma borracha natural revolucionária que é até dez vezes mais resistente à fissuração total e quatro vezes mais eficaz contra o crescimento lento de rachaduras em comparação à borracha convencional. Essa inovação promete não apenas maior durabilidade para produtos como luvas, pneus, calçados e dispositivos médicos, mas também uma significativa redução do impacto ambiental causado pelo descarte frequente desses materiais.
O segredo da nova borracha está no processo de produção. Diferente da vulcanização tradicional, que utiliza alta intensidade e fragmenta as cadeias de polímeros, os cientistas aplicaram um método mais suave que preserva essas longas cadeias, resultando em uma estrutura física semelhante a um emaranhado de espaguete. Essa configuração permite que, ao ser esticada, parte da borracha cristalize, aumentando sua resistência ao estresse mecânico e prevenindo o surgimento de rachaduras.
Nos testes realizados, o material demonstrou uma resistência quatro vezes maior ao crescimento lento de fissuras e até 10 vezes mais resistência à fissuração total, o que representa um avanço significativo para a indústria da borracha natural. Contudo, o processo atual enfrenta limitações, principalmente pela necessidade de grande evaporação de água, que reduz o volume final produzido. Por isso, a aplicação prática neste estágio está voltada a produtos que demandam pequenas quantidades de material, como luvas, preservativos e componentes de robótica macia, enquanto o uso em pneus ainda não é viável.
Apesar das limitações, a inovação abre novas possibilidades para áreas como eletrônica flexível, dispositivos médicos reutilizáveis, componentes biomecânicos sustentáveis e robótica macia com baixo impacto ambiental. Derivada do látex da árvore Hevea, a borracha natural criada por Harvard é um recurso renovável que substitui os polímeros sintéticos de origem fóssil e dispensa aditivos tóxicos como o amianto, aumentando a segurança ambiental e para os consumidores.
O estudo, publicado na revista Nature Sustainability e liderado por Zhigang Suo e Yakov Kutsovsky, representa um avanço importante na busca por alternativas mais sustentáveis e de alta performance para a indústria de materiais, mostrando que é possível unir durabilidade e responsabilidade ecológica.
