A Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDIP) manifesta sua preocupação com o pedido apresentado pelo SIMEFRE (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários), que solicitou ao governo o aumento da alíquota de importação sobre pneus de motocicletas dos atuais 14,4% para 35% pelo período de 60 meses.
No entender da ABIDIP, a medida é socialmente injusta e equivocada do ponto de vista econômico, pois transfere integralmente ao consumidor final um custo que afetará diretamente os milhões de brasileiros que dependem da motocicleta como meio de transporte e fonte de renda, especialmente os motoentregadores e trabalhadores por aplicativo, que representam hoje uma das categorias mais ativas da economia.
De acordo com estudos e levantamentos setoriais, o Brasil possui entre 385 mil e 455 mil entregadores por aplicativo, número que é ainda maior quando considerados os profissionais autônomos. Além disso, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), há atualmente mais de 34 milhões de motocicletas, motonetas e ciclomotores trafegando pelo país, o que reflete a importância desse modal para a mobilidade urbana.
“A produção de pneus de motos pela indústria nacional não é capaz de suprir a demanda interna. A elevação da tarifa para 35% encareceria imediatamente o custo de reposição de pneus, item essencial para o trabalho diário de centenas de milhares de motoentregadores. Essa medida aumentará o custo das entregas, reduzirá o poder de compra destes profissionais e poderá estimular o uso de produtos de menor qualidade, colocando em risco a segurança nas vias”, alerta Ricardo Alípio, presidente da ABIDIP.
A Associação defende que o fortalecimento da indústria nacional deve ocorrer por meio de políticas de incentivo à competitividade e à inovação, e não pela criação de barreiras artificiais que prejudicam o consumidor final. Nesse sentido, a ABIDIP reforça seu compromisso em colaborar com o governo e as entidades do setor para construir alternativas equilibradas, capazes de promover o desenvolvimento sustentável da cadeia de pneus no país sem penalizar quem depende das duas rodas para trabalhar e se locomover.
“Somos favoráveis ao diálogo e à busca de soluções que beneficiem o ecossistema como um todo: fabricantes, importadores, distribuidores e consumidores. Mas é fundamental evitar decisões que impactem negativamente na economia e, mais importante, na segurança dos motociclistas”, conclui Alípio.